Os partidos democráticos são organizações plurais, com diversos centros e correntes de pensamento, de cujo debate costuma sair uma síntese programática. Tudo normal.

No PS Faro, porém, cada cabeça dita sua sentença e os rumos vão sendo desenhados em função de determinada conjuntura e das agendas pessoais de cada dirigente, com notórias incoerências entre si. O último comunicado difundido é bem ilustrativo destas contradições e de uma certa confusão vigente, que importa desmascarar.

1 – Num ponto, o PS Faro aborda a questão dos parquímetros e entende que é devida uma “censura” ao Presidente da Câmara, porque não promoveu uma  auditoria à Empresa Municipal Ambifaro – Mercado Municipal. Ora, essa auditoria está atualmente a ser realizada, sendo certo que apenas evidenciará os esforços realizados para viabilizar um mercado que nasceu torto e que pior ficou após a contração, pelo PS, de empréstimos em condições leoninas para o Município. Assim, todos os vereadores votaram favoravelmente na Câmara a proposta apresentada pelo executivo do PSD para concessionar a exploração dos parquímetros àquela empresa municipal. Mas isso de nada valeu, pois a mesma acabou por ser chumbada na Assembleia Municipal, onde a bancada socialista invariavelmente vota contra as propostas mais significativas para o Concelho, reduzindo a pó tudo o que pode. Neste quadro, impõe-se perguntar: a censura é só para o Presidente de Câmara ou deve também penalizar os vereadores, designadamente os eleitos nas listas do PS, que também votaram favoravelmente esta proposta em reunião de câmara?

2 – Também no que respeita à segurança e às polícias, existem posições antagónicas no PS. De um lado, temos um Presidente da Assembleia Municipal de Faro que não se coíbe de ir a um concelho vizinho prestar vassalagem ao Ministro Cabrita e aos seus camaradas louletanos, sorrindo na audiência enquanto traiçoeiramente se firmava a retirada a Faro do Comando da GNR. Do outro, temos os dirigentes concelhios que, certamente por embaraço, não emitiram até hoje uma linha sobre o assunto. Decidiram sair agora do seu período de nojo, mas o que propõem é tão falho de conteúdo como de oportunidade. Pede o PS local uma polícia municipal e um posto da PSP para a freguesia do Montenegro, na esteira de todas as démarches já tramitadas pelo executivo municipal e pela junta de freguesia, que tudo têm feito para alcançar esses desideratos. O que o PS esquece e omite é a preocupante falta de condições de operacionalidade para assegurar esse serviço de proximidade, numa polícia que, em Faro, cada vez tem piores meios, menos recursos humanos e com cada vez menos motivação para fazer o seu trabalho. Portanto, nesta matéria, o que sugerimos ao PS é que, ao invés de procurar colher louros indevidos de um futuro não concretizado, faça ouvir a sua voz para reivindicar mais meios e mais segurança, com mais polícias e viaturas para o nosso concelho.

3 – E quanto aos apoios às instituições de solidariedade social, que PS devemos ouvir? O que debita sound bytes populistas, exigindo mais apoios municipais, esquecendo que essa é essencialmente uma obrigação da Administração Central, conforme constitucionalmente consagrado? Ou o PS que ainda nos governa e que, apesar do discurso de pós-austeridade, nada mais faz do que cativar investimentos e protelar pagamentos, colocando em causa o funcionamento da saúde e da rede de apoio social? É preciso rigor e verdade nestas coisas. O atual Executivo Municipal foi o primeiro a impor regras objetivas nos apoios às associações e neste momento, a Câmara consegue ter o mais elevado e transparente nível de apoio social de sempre. Vale a pena recordar que antes, no tempo do PS, o único critério para atribuição de verbas era o arbítrio do presidente da Câmara e da sua equipa, o que muito custou a quase todos os farenses.

Em conclusão, resta-nos deixar votos de que esta esquizofrenia política, tão presente no comunicado desta semana, tenha cura. A bem de Faro, do seu futuro e de quem cá vive.

 

Faro, 15 de Fevereiro de 2019

A CPS do PSD de Faro