A LetterOne, principal acionista do grupo espanhol DIA, controlada pelo milionário russo Mikhail Fridman, anunciou que vai lançar uma oferta pública de aquisição voluntária (OPA) pelos 70,9% do capital que lhe falta para controlar a cadeia de supermercados. Neste momento, o milionário é detentor de 29% do capital da retalhista DIA.

O valor oferecido por ação (67 cêntimos) fica aquém dos 3,73 euros que a LetterOne pagou pelas ações do DIA nos últimos 12 meses. Explica o El País que a OPA não está sujeita a um “preço justo”, dada a sua “natureza voluntária” e não obrigatória, uma vez que Fridman não detém mais de 30% do grupo.

Depois de deter os 100% da retalhista, se a operação for bem sucedida, o milionário pretende avançar com um aumento de capital de 500 milhões de euros e tirar a empresa da bolsa, para assim enfrentar a crise financeira que a cadeia de supermercados atravessa – o Dia vale hoje dez vezes menos que em 2017, de acordo com o jornal espanhol.

Fecho de lojas à vista 

A companhia de distribuição alimentar, que no último ano tem enfrentado um abrandamento da atividade e dificuldades financeiras, subscreveu, no final de 2018, um compromisso financeiro de 600 milhões de euros no âmbito de uma reestruturação – agora contestada pelo grupo que lançou a OPA. A mesma poderá levar ao encerramento de 250 a 300 lojas na Península Ibérica, escreve o Público, citando notícias avançadas por jornais espanhóis. 

Ainda se desconhece o que a LetterOne vai fazer à rede da companhia DIA, nomeadamente em Portugal, adiantando somente que o grupo quer ter “uma estratégia de rede de lojas adequada” em todos os mercados em que opera. 

Os últimos dados disponíveis permitem concluir que a cadeia DIA tinha, em setembro de 2018, 7.429 lojas, das quais 5.300 em Portugal e Espanha – onde 56% das unidades Dia são operadas por franchisados. 

De acordo com os dados divulgados no final de outubro de 2018, o terceiro trimestre não foi brilhante em Portugal: houve diminuição de vendas, 26 encerramentos (líquidos) de lojas no país e o investimento caiu 11,6%. Isto, apesar da companhia afirmar que “na Ibéria o investimento aumentou 60,5%, para 211,3 milhões de euros,” nos primeiros nove meses do ano passado.

Nessa altura, em setembro, não foi contabilizado o número de lojas em Portugal, mas três meses antes, na apresentação dos resultados do primeiro semestre, o DIA detinha 634 lojas no mercado nacional: 327 exploradas em regime de franchising e 307 lojas próprias do grupo, exploradas diretamente, escreve a publicação.

Nos primeiros nove meses do ano, o grupo espanhol registou em Portugal vendas brutas (incluindo IVA) de 619 milhões de euros sob a marca (inclui franchisados), o que significa uma perda de 3,3% face a igual período de 2017. 

 

Por: Idealista