O presidente da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) alertou hoje ser necessário um planeamento estratégico para a região, apesar de reconhecer que as iniciativas das autarquias na época natalícia têm atraído mais pessoas.

“É necessário que haja uma estratégia para todo o ano e isso não existe, não nos podemos focar apenas em dois períodos, em seis ou sete sextas-feiras durante o verão, mais três semanas em dezembro e depois esperar que no resto do ano o consumidor volte”, disse à agência Lusa Álvaro Viegas.

Embora reconheça que os programas de animação das autarquias para a época natalícia, no qual a ACRAL participa, “promovem um maior envolvimento dos comerciantes e consequentemente um maior retorno”, Álvaro Viegas adverte que é necessário desenvolver uma estratégia de promoção que envolva toda a região e deixa algumas críticas.

“O Algarve tem dificuldade em falar a uma só voz. Infelizmente falta a união dos autarcas à volta deste projeto, é muito difícil a união no Algarve. À exceção da luta contra a prospeção do petróleo, em que toda a sociedade civil e autarcas se uniram, tudo mais não tem havido, os autarcas têm dificuldade em se juntar”, lamentou.

O presidente da ACRAL realçou ainda o facto de ter apresentado, há cerca de três anos, um caderno reivindicativo com um conjunto de medidas “para a criação da marca Comércio Algarve”, numa reunião com os 16 autarcas do distrito de Faro, mas a ideia “ficou na gaveta”.

“O que está a acontecer e que já acontecia no passado são iniciativas isoladas e desgarradas, cada município a trabalhar para si próprio sem olharmos para o todo que é a nossa região. É importante que a par do turismo, como acontece através da Região Turismo do Algarve e da Associação de Turismo do Algarve, seja criada uma estratégia única de promoção do nosso comércio. A par do turismo, é o comercio que mais cria emprego na região”, referiu.

O dirigente desta associação de comércio destacou ainda ser necessário criar condições para os turistas que visitam as cidades, ao nível do estacionamento no centro – já que “é difícil estacionar em muitas delas” - ou com uma aposta mais forte no mobiliário urbano ou na reabilitação das zonas histórias.

Os prédios devolutos, alguns mesmo “a cair”, sublinhou, dão uma má imagem à zona comercial: “O consumidor nacional, mas principalmente o estrangeiro, quando visita a cidade de Faro, Loulé ou outra, não se quer meter num centro comercial, mas conhecer aquilo que de mais genuíno nós temos, um espaço limpo e agradável para que as pessoas possam passear, entrar nas lojas e fazer comércio”, frisou.

Na capital do Algarve, ao nível dos comerciantes locais, o presidente da Associação Desenvolvimento Comercial Zona Histórica de Faro, José Carlos Manuel, referiu à agência Lusa haver também falta de união ao nível dos empresários do comércio tradicional.

“Sente-se que vêm mais pessoas a Faro e isso é compensador em termos económicos, contudo falta alguma união entre os comerciantes locais que praticam horários que já estão ultrapassados e mostram resistência em ter as lojas abertas ao domingo, por exemplo. Não adianta as pessoas virem à Baixa e as lojas estão fechadas. Vamos tentar alterar esta tendência no próximo ano”, salientou.

 

Por: Lusa