Por: Miguel Peres Santos – Mestre em Gestão Cultural pela Universidade do Algarve msantostavira@gmail.com | http://facebook.com/mapdsantos

O teu sonho é uma viagem que me leva pelas brumas, numa escuridão imensidão e casas vazias sem ti dessa culpa de pensar em nós. Eu quero dizer-te que nada temo em ter-te, salta o muro há um paraíso aqui tão distante (…)

Dança da Lua e do Sol, Emmy Curl

 

Na última edição do Festival RTP da Canção, aqueles que estão menos atentos à música portuguesa ouviram o nome de Catarina Miranda pela primeira vez, e os mais distraídos talvez tenham ficado surpreendidos com a sua graciosa força, de quem estava a fazer aquilo por amor e quem ainda não conhece tem a obrigação de conhecer.

Catarina, menina de uma invulgar beleza e graciosidade e com uma maturidade de quem já sabe o caminho que queria seguir há muito tempo, foi fazendo o seu caminho caminhando pela sua Trás-os-Montes, que continua a sua maior inspiração, assim como, a pureza verdejante da Serra do Alvão continua a encher a sua alma e as frenéticas águas do Rio Corgo continuam a acalmar-lhe ao mesmo tempo que continuam a encher-lhe de energia, tudo contínua igual à sua infância, tudo continua a ser uma verdadeira descoberta e redescoberta.

Catarina, a menina de uma invulgar beleza e graciosidade, continua a ser uma sonhadora apaixonada pela natureza, igual aos tempos em que andava pelo campo respirava o ar puro, tocava nas plantas ou tomava um banho no rio acompanhada do seu gravador com cassetes onde registava o que ouvia, ou a mesma menina que pedia à professora para fazer pequenas apresentações musicais com a sua amiga.

Catarina, a menina de uma invulgar beleza e graciosidade, mas também de uma fascinante teimosia e sardas na face, sempre quis ser cantora, e por isso não é admirar que andasse sempre agarrada às guitarras lá de casa e não podemos esquecer a sua família ligada à música, com quem aprendeu os primeiros acordes, técnica que viria a aperfeiçoar no Conservatório Regional de Vila Real, onde estudou também canto lírico e aprendeu a colocação de voz. Nos caminhos que foi caminhando a caminho de casa, a inspiração chegava sempre sem pedir licença, Catarina ia sempre seguindo por pisadas seguras, mesmo quando caminhava por atalhos, naquilo que seria um desafio a si própria. Esses atalhos passariam de desafios a um mundo que se ia enchendo de cor e de silêncios ensurdecedores. Quando chegava a casa, passava para o papel o que lhe ia na alma, tudo aquilo que a natureza e o verdejante da paisagem lhe transmitiam, todas aquelas emoções eram transformadas em músicas, melodias essas que passavam de um sonho a uma realidade mesmo que fosse um segredo só seu.

Catarina, a menina de uma invulgar beleza e graciosidade, é uma transmontana com muito orgulho, não se esquece das suas origens, é o que queria ser e muito mais, cantora, compositora, interprete, estilista, costureira de peças vintage, designer gráfica e apaixonada cinema e fotografia. Catarina Miranda é Emmy Curl no meio musical, Emília Caracol na moda, Catrain na pintura e no desenho, entre outras “gavetas” onde mete tudo o que faz e nada se confunda, como a própria diz, nasceu em Vila Real mas vive em Aveiro ou onde haja um palco à sua espera, apesar disso só as paisagens da sua terra natal são capazes de lhe dar energias e brilho, por isso faz questão de passar sempre que possa por lá. O lado rural e campestre, ou mesmo o Património, pelo qual se sente fascinada e que na sua opinião deve ser conservado ao máximo é a sua inspiração para o seu trabalho e é visível tanto nas roupas que desenha e costura e mesmo nos seus vídeos.

Catarina, a menina de uma invulgar beleza e graciosidade, é uma menina de campo com o olhar amarrado à paisagem, ao mesmo tempo que se sente uma menina da cidade, com sede de cultura e defensora de novas tecnologias, mas as novas construções de betão ferem-lhe o olhar. Não é só Vila Real que está nas suas criações, o seu próprio universo é cósmico, místico e simbólico, reflectindo-se nas suas artes, na sua música que lhe caracteriza como dream pop assim como as suas roupas.

Catarina Miranda, numa inquietude calma sempre com o seu sorriso vai fazendo o seu caminho caminhando com passos firmes, compondo a sua história, uma história que carrega o dom de ser capaz e de atingir o sublime e a perfeição, uma história de amor, o amor pela arte e pela natureza, uma história que nos leva ao sonho, quer pela sua voz, quer pelas suas letras, quer pela sua obra artística, um história que ainda agora começou que é uma declaração de amor à invulgar beleza e graciosidade da Serra do Alvão, mais que isso, é simplesmente Catarina Miranda…

 

Catarina Miranda (Fotografia: Facebook)