Em declarações à Lusa, Rui Baltazar, do Grupo de Ação Motociclista (GAM), que promoveu os protestos em seis cidades do país, acusou o ministro da Administração Interna de “não dizer a verdade” quando invoca questões de segurança para estender também às motos a realização de inspeções periódicas obrigatórias.
“É uma medida injusta porque não tem a ver com questões de segurança, mas sim económicas”, sublinhou, alegando que só 0,3% dos acidentes envolvendo motos se devem a motivos de segurança e acusando o Governo de querer arrecadar mais receita com esta medida, anunciada em janeiro.
Outra das reivindicações do grupo prende-se com a intenção do Governo em tornar obrigatória a carta de condução para quem conduzir motociclos de 125 cm3 de cilindrada, mesmo que tenha já carta de automóvel.
“Não tem razão de ser, até porque toda a Europa se rege por essa diretiva”, observou Rui Baltazar, indicando que, apesar do aumento de acidentes registado em 2016 e 2017, que considera que foi pontual, o número de acidentes com motos “tem vindo a diminuir” desde 2009.
A caravana de protesto que reuniu várias centenas de motociclistas em Faro iniciou-se no Largo de São Francisco, no centro da cidade, de onde seguiu em direção ao aeroporto de Faro, num percurso de aproximadamente 6 quilómetros, terminando depois novamente na baixa de Faro, no Jardim Manuel Bívar.
“Inspeção garante receita, não previne sinistralidade”, “Não a esta farsa” e “Segurança sim, negócio não” eram algumas das frases expostas nas motos dos participantes no protesto.
Há quase 40 anos que Faro recebe, todos os anos, uma concentração internacional de motos, o que faz desta uma cidade com uma forte tradição “motard”.
Em janeiro, o ministro da Administração Interna anunciou que as inspeções periódicas a motociclos iriam avançar no primeiro semestre de 2018, justificando esta medida com o aumento do número de acidentes mortais com motociclos em 2017.
As manifestações decorreram em Lisboa, Porto, Coimbra, Faro, Funchal e Ponta Delgada.
Por: Folha do Domingo