Decorreu no Arquivo Histórico Municipal de Vila Real de Santo António, no passado sábado, 3 de fevereiro, uma sessão evocativa dos 80 anos da Guerra de Espanha, ocorrida entre 1936 e 1939.

Promovida pela comissão concelhia do PCP, contou com a participação de Domingos Abrantes. Para este antigo dirigente do PCP que foi deputado na Assembleia da República e é atualmente conselheiro Estado, as questões da Guerra de Espanha continuam a apaixonar o mundo. E explicou as causas que conduziram a esta guerra, ligadas aos problemas da repartição da riqueza e em especial a uma questão extremamente atual, as políticas de alianças.
"Há, na época atual, uma tendência crescente para branquear o fascismo e estamos a assistir a uma revisão da história. Há um silenciamento em torno destas questões. A guerra de espanha foi o primeiro grande conflito internacional das fronteiras da liberdade",  explicou Domingos Abrantes. E continuou: "Ela importa pelo golpe contra a República Espanhola pelas tropas fascistas de Francisco Franco com o apoio dos governos fascistas de Hitler e Mussolini. Foi uma guerra internacional disputada num território nacional e as forças em presença, praticamente as mesmas que se opuseram na Segunda Guerra Mundial, daí se considere que a Guerra de  Espanha foi como que o gatilho da grande guerra de 1939 a 1945."
Domingos Abrantes abordou o papel das democracias ocidentais nesta guerra, os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, esta governada pela Frente Popular, ligada à Internacional Socialista, que deixaram cair a República Espanhola.

Domigos Abrantes não esqueceu o papel desempenhado pelas forças anti-fascistas de todo o mundo e a sua participação na guerra ao lado da República, em especial nas Brigadas internacionais, e destacou o papel de outros portugueses que se voluntariaram contra o golpe.

Muitos estavam a trabalhar em Espanha e alistaram-se no exército republicano, tendo um elevado número pago o gesto com a própria vida.

De um destes, o Vila-realense António Bandeira Cabrita, falou José Cruz, membro da Comissão Concelhia do PCP, que lhe destacou o perfil de juventude, a deportação para Timor, na sequência de uma rebelião contra Salazar em 1931, o alistamento nas Brigadas Internacionais e a morte em combate na batalha de Talavera, já como tenente das tropas republicanas da República. Recebeu honras de herói nacional e teve funeral de Estado.

A sessão que contou com mais de 40 participantes, teve uma assistência activa que fez diversas perguntas a Domingos Abrantes, a demonstrar que a Guerra de Espanha está muito viva na memória coletiva desta cidade fronteiriça Vila Real de Santo António.

 

Por: PCP