O mês de setembro de 2017 em Portugal Continental foi o mais seco dos últimos 87 anos, classificando-se como extremamente seco. Consequentemente verificou-se um aumento da área em situação de seca severa e extrema.

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, a 30 de setembro cerca de 81.0 % do território estava em seca severa e 7.4 % em seca extrema (Figura 2). De referir que o índice SPI 6 meses (abril a setembro), escala que reflete o défice de precipitação a nível da seca meteorológica e agrícola, apresenta a 30 de setembro grande parte das bacias do território na classe de seca severa (Figura 3).

O dia 30 de setembro correspondeu ao final do ano hidrológico 2016/2017 (1 de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017), com um total de precipitação acumulado neste período de 621.8 mm (70 % do normal), sendo o 9º valor mais baixo desde 1931. No entanto, deve referir-se que o período de abril a setembro foi extremamente seco, com valores mensais da quantidade de precipitação sempre inferiores ao valor médio, correspondendo ao 2º mais seco depois de 2005.

De realçar ainda que neste semestre o valor médio da temperatura máxima (27.72°C) foi o mais alto desde 1931 e o valor médio da temperatura média o 2º mais alto (depois de 2005).

A conjugação de valores de precipitação muito inferiores ao normal e valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défices de humidade do solo.

O índice de água no solo, a 30 de setembro, em grande parte das regiões do interior e no Sul de Portugal continental, apresenta valores inferiores a 20%, sendo mesmo em alguns locais iguais ou inferiores ao ponto de emurchecimento. Nas regiões do litoral norte e centro os valores variavam entre 20 a 40 %.

De referir que no sudoeste europeu, nomeadamente grande parte de Espanha e em algumas regiões do centro e sul de França, os valores de água no solo apresentavam-se iguais ou inferiores ao ponto de emurchecimento. Esta situação é devida às condições sinópticas que se verificam a estas latitudes (anticiclone intenso, quase estacionário, que se estende desde os Açores até ao Mediterrâneo Ocidental).

Relativamente às temperaturas, o valor médio da temperatura máxima do ar, 27.49°C, foi superior ao normal com uma anomalia de +1.20°C, mas o valor médio da temperatura mínima do ar, 12.42°C, foi inferior em 1.74°C ao valor normal, sendo o 5º valor mais baixo desde 1931.

O período de 1 a 8 foi o mais quente do mês, sendo o dia 6 o dia mais quente com uma temperatura média de 24.1°C (+3.9°C em relação ao normal). O valor mais alto da temperatura máxima do ar ocorreu no dia 7, 33.1°C (+6.8°C em relação ao normal).

 
Por: IPMA