«Estão no Algarve os Reis de Portugal. Bem vindos sejam!»

Foi assim que a imprensa regional, saudou a chegada ao Algarve do Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia de Orleães, sendo a vila de Monchique contemplada pela visita real a 13 de outubro de 1897.

Para assinalar o 120º Aniversário da visita real, a Câmara Municipal de Monchique preparou uma ação, onde recriou este dia com 2 animadores vestidos de reis, que visitaram as escolas do concelho e algumas das principais ruas da vila, entregando uma réplica do postal distribuído, na altura, à população.

A chegada à vila deu-se, segundo a imprensa, às 11h45. Lorjó Tavares descreve a vila engrandecida por uma «deliciosa ornamentação toda campesina (…) com as ruas transformadas em tapetes de junco, postes enfeitados a murta, arcos singelos, medronheiros com as suas bagas vermelhas como morangos, festões torcidos a alecrim de que pendiam cachos de flores silvestres, maçãs e romãs, paredes de alto a baixo estufadas de murta e urzes».

O repórter descreve os «pinhais, sobreiros, medronheiros, grandes moitas de alecrim e de rosmaninho balsâmicos. O cenário agiganta-se, alargam-se os horizontes, cavam-se vales fundos e apertados (…), de espaço a espaço, nas voltas da estrada toda em zig zags caprichosos, entrevê-se pelas abertas dos cimos sobrepostos, a Picota, penedo abrupto de difícil acesso, e que fica ao nascente da Foya, a soberba rainha serrana sempre namorada por grandes massas de nuvens».

Esta visita foi acompanhada de várias individualidades concelhias, nomeadamente o administrador do concelho e representante do Governo José Sebastião “da Venda”, o presidente da Câmara Municipal e antigo deputado José Joaquim Águas, o juiz de Direito substituto e conservador do Registo Civil, Dr. Francisco do Rego Feio, o grande proprietário local e deputado pelo círculo de Silves (a que o concelho pertencia), coronel José Gregório de Figueiredo Mascarenhas, vereação, restantes autoridades, figuras de destaque local, povo e pelo menos uma das várias bandas musicais que então existiam no concelho.

Nas Caldas de Monchique os soberanos receberam flores das três filhas do Dr. João Bentes Castel-Branco, médico e concessionário da estância termal, que lhes preparara uma marcante receção, com visita ao Sanatório Kneipp e uma exposição de artesanato, vestuário e medicamentos naturais.

À entrada da vila acumulava-se o povo simples, muito dele vindo expressamente do campo para ver o rei.

Para a Câmara Municipal, este que foi um dia marcante à data para toda a região e que acolheu durante uma semana os Reis de Portugal, deve continuar a ser recordado, pois mais do que um marco histórico associado a uma rica herança cultural, espelha bem aquele a que muitos continuam a chamar “O Jardim do Algarve”, bem representado na descrição da imprensa daquela altura.

Foi também intenção da Câmara Municipal, associar esta iniciativa à comunidade escolar, reforçando o conhecimento pela história local e continuando a manter uma estreita ligação com o principio de afirmação do Município promotor da Educação.



Por: CM Monchique