Candidato à Câmara Municipal de Loulé pelo CDU

A menos de um mês das eleições autárquicas, o jornal A Voz de Loulé quis conhecer melhor os candidatos à Câmara Municipal de Loulé, que no dia 1 de outubro irão a votos. As razões que levaram à candidatura, os objetivos que querem ver cumpridos e os benefícios para o Concelho com a sua eleição foram algumas das questões que quisemos colocar. José Graça (PSD/CDS/MPT), Joaquim Guerreiro (BE), Vítor Aleixo (PS) e António Vairinhos (CDU) responderam e esclareceram. Afinal de contas, em breve um deles será o próximo Presidente da Câmara Municipal de Loulé.

Todas as entrevistas foram realizadas pela jornalista Sofia Cordeiro Coelho, o critério de paginação na edição em papel é a ordem dos boletins de voto, ditada por sorteio pelo Tribunal de Loulé.

 

Voz de Loulé - Porque tomou a decisão de candidatar-se à Câmara Municipal de Loulé?

António Vairinhos - O objetivo que me move ao tomar esta responsabilidade, é o de servir em primeiro lugar a causa daqueles que necessitam de uma voz ativa, os trabalhadores e cidadãos socialmente mais fragilizados. Para além disso, o povo do Concelho de Loulé pode contar comigo para o progresso do Município no seu todo.

Faço-o na qualidade de independente, integrando as listas da CDU e surjo como cidadão atento às realidades que me rodeiam, avesso aos vícios do poder, tenha ele a dimensão e peso que tiver, honrado por dar o meu contributo, o meu trabalho, em conjunto com o grande coletivo que é a CDU e o seu projeto autárquico.

E qual é a minha perspetiva de cidadão comum? É aquela que, diariamente, repudia o emprego precário e mal remunerado, que vaticina a destruição da micro e pequena empresa, do comércio tradicional e a destruição dos serviços públicos.

Nas ruas de Loulé revejo-me na simpatia natural de quem nos atende nestes balcões durante anos a fio, criando laços que perduram para vida. Não deixemos que isso se perca para sempre. Bem ao centro está a sede da Autarquia, a Câmara Municipal de Loulé. É com respeito que olho para cada um dos trabalhadores deste Município. Daqueles a quem é preciso motivar e valorizar: o seu trabalho faz sentido e tem um sentido.

Há ainda os amiguismos que na autarquia servem interesses particulares, que contratam serviços privados com contratos ruinosos de centenas de milhares de euros por mês, sendo necessário dar outro rumo a esta situação.

Afinal, quantos de nós não pensam desta maneira? Então, se assim o é, não poderemos considerar que todos nós, cidadãos de Loulé, teremos um pouco do projeto CDU dentro de nós? De facto, é conhecido o contributo fundamental desta coligação para a construção e avanço da própria democracia e defesa intransigente do Poder Local Democrático, fruto da Revolução de Abril. É a empatia pelos cidadãos do Concelho de Loulé e o seu reconhecimento, tal como os seus problemas que temos de resolver, que determina o meu espírito de missão que está em perfeita sintonia com o lema da CDU (Trabalho, Honestidade e Competência). São estas as principais razões que me levaram a aceitar o convite e a candidatar-me à Câmara Municipal de Loulé nas listas da CDU.

 

V.L. - Descreva os principais objetivos e Promessas/Compromissos da sua Candidatura?

A.V. - De facto, é já um debate antigo que ouvimos há dezenas de anos: a velha história da cigarra e da formiga que trabalha no verão para fazer face ao Inverno rigoroso. Por isso, a sazonalidade continua a ser um estigma para a atividade do turismo que deve ser combatida. Defendemos ainda que não devemos ser só formigas de grandes multinacionais, de fundos de investimento que decidem lá longe, que apregoam e dissimulam a precaridade como sinónimo de flexibilidade e dinamismo. Falamos, claro está, da atividade hoteleira, por exemplo, que explora e precariza o trabalho.

Reconhecemos a grande importância do setor do turismo no plano do Concelho e da Região, mas esse facto não pode significar a continuação dos baixos salários hoje praticados: a riqueza que o setor produz deve ser distribuída com justiça.

O combate à sazonalidade que atinge os trabalhadores do Concelho não passa só pelo desenvolvimento sustentável dos serviços, mas também da indústria transformadora – com destaque para Cimpor -, da indústria extrativa – Minas do Sal , da agricultura e das pescas. O pilar central assenta assim na diversificação da atividade económica, criando condições favoráveis ao incremento do investimento público e privado, à manutenção e instalação de novas empresas, sobretudo PME´S, - em vez de grandes superfícies que secam tudo à volta.

Veja-se, a título de exemplo, o estado deficitário da balança comercial: Loulé não tem sido um Concelho com forte vocação exportadora. Só uma economia mais dinâmica e diversa, pode alterar este rumo e dar ao Concelho aquilo que ele merece: uma maior independência e autonomia.

Devemos também ponderar a importância de uma política desportiva e cultural, não só virada para a espectacularização de eventos, mas também para a fruição do desporto e da cultura para toda a população. Isto só se consegue com mais apoios para o desporto escolar, com investimentos nas infraestruturas e equipamentos, com reforço dos meios humanos, e, sobretudo, com o apoio às coletividades e associações.

Loulé precisa ainda de uma verdadeira política de habitação, de regras no ornamento do seu território, no concreto, de recuperar certos edifícios das cooperativas de habitação 26 de Junho, Nova Terra, Bairro Municipal de Loulé e Bairro Municipal de Quarteira, assim como das suas zonas envolventes, isto para além do planeamento de áreas de expansão urbana nas sedes de Freguesia, para promoção de habitação social com regime de rendas apoiadas e auto construção.

Por outro lado, batemo-nos de igual forma por melhores acessibilidades e serviços públicos, por uma cobertura na rede de transportes públicos e qualidade no serviço, facilitando a mobilidade dos que mais precisam.

Há ainda a passividade e a conivência com o fomento do negócio da saúde, tendo como exemplo as clinicas privadas. Por isso, defendemos a preservação de um Serviço Nacional de Saúde gratuito e de qualidade.

Por último, mas de igual importância, temos o esquecimento e abandono das Freguesias rurais: Loulé tem de se assumir como um Concelho com coesão territorial, onde se apoia as atuais Juntas de Freguesia e se restitui as que já foram extintas.

 

V.L. - Porque devem as pessoas optar pela sua Candidatura e não pelas outras alternativas?

A.V. - A nossa alternativa sublinha o empenho coletivo, de inclusão, onde todos participam e têm direito à sua opinião. Como cidadão empenhado e autarca, integrado na equipa da CDU, comprometo-me a respeitar escrupulosamente o compromisso, desde já assumido de defender os direitos e interesses dos munícipes do Concelho de Loulé, sem esquecer aquilo que nos permite avançar, sempre com base na experiência, no saber, na visão estratégica e na capacidade de idealizar, planear, organizar e executar.

Ao optar pelo voto na Candidatura da CDU os louletanos, do litoral até ao interior, podem contar connosco, exceto, no apoio às políticas tutelares, centralizadores, subservientes impostas pelo poder central. Lutaremos por uma efetiva transferência de competências e poderes para as autarquias, não só para executar, mas também para decidir: uma descentralização de competências e meios de acordo com as características e condições objetivas de cada Município. A efetiva e necessária descentralização baseada numa delimitação clara de competências entre os vários níveis de administração, é inseparável da recuperação da autonomia administrativa e financeira das autarquias locais, da reposição das condições para assumirem as competências que já tem e outras que venham assumir.

Como cidadão quero orgulhar-me ainda mais do meu Concelho e da minha região e de todos aqueles que a povoam.

Tenho testemunhado uma população a envelhecer e jovens a terem que imigrar desertificando o Concelho e a região. Fixar populações significa criar condições, estruturas, que promovam uma maior proximidade e participação democrática, que origine a criação de riqueza e emprego com direitos. A dimensão do nosso Concelho exige a reposição das Freguesias extintas. Neste sentido a CDU, com os seus eleitos na Assembleia Municipal, nas Assembleias de Freguesia de Alte, Almancil e Salir têm honrado a defesa dos compromissos assumidos com as populações nas últimas eleições e têm lutado contra o comodismo e as politicas erradas do executivo camarário.

Acima de tudo, afirmamo-nos como um projeto alternativo e diferente dos projetos de outras forças políticas, sejam PSD e CDS, seja PS ou BE. Diferente na sua dimensão democrática e participativa que incute na gestão de qualquer autarquia. Diferente pelo exercício de cargos públicos norteado pela recusa de benefícios pessoais, e na intransigência pela defesa dos serviços públicos, do acesso à saúde, à educação, à cultura, à proteção social, à habitação, à mobilidade. Diferente pela defesa e melhoria do ambiente e salvaguarda do património natural, na gestão da água enquanto bem público e pela política do uso dos solos determinada pelo interesse público e não pela especulação imobiliária.

 

V.L. - Qual a mais-valia que a sua eleição pode trazer para o Concelho de Loulé?

A.V. - Dignificar o Concelho de Loulé com trabalho, honestidade e competência.