por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano

O futebol arte do mágico David Vieira

Nome: David Miguel Marques Vieira

Ano nascimento: 1998 (13 maio)

 

 

Julgamos ser esta uma verdade universal, imutável e apodítica: um futebolista tem, num lance, maior possibilidade de êxito quanto maior for a proximidade da bola em relação aos seus pés. Há quem corra atrás da bola; há quem corra com a bola aos solavancos, mas há, o que é mais produtivo, quem corra com a bola junto aos pés. E depois há os outros, os iluminados. Os que correm com a bola colada aos pés e, se me permitem referir uma feliz imagem utilizada pelo nosso estimado amigo, Prof. Leonel Abreu, ainda há os que, miraculosamente, correm com a bola dentro dos pés. São os tocados pelos deuses.

Exemplos? Vejam (e revejam) o famoso sprint de Eusébio nos quartos-de-final do Mundial de 1966, frente à Coreia do Norte que culmina no penalty que dá o 4º golo a Portugal; vejam (e revejam) o irrevogavelmente impossível domínio de bola de Cristiano Ronaldo metendo, de primeira, dentro do pé, um balão cheio de carapaus batido por Marcelo no recente Villarreal / Real Madrid e vejam (e revejam) alguns dos famosos slalons de Lionel Messi.

E, já agora, vejam (e revejam) o louletano David Vieira a espalhar magia por esses Estádios de Futebol fora. Tecnicamente soberbo, o jovem júnior que já se estreou pela equipa sénior, que protege a bola como ninguém, que sem custo nem alarido e com a bola dentro dos pés, ultrapassa quatro, cinco ou seis adversários com uma naturalidade … anormal, marca golos como respira, é, indiscutivelmente, um talento raro. Quer a jogar no centro do terreno, pautando o jogo da equipa, quer nas alas, dando cabo dos rins aos adversários, David tem todas as condições para atingir um patamar muito alto no futebol português.

Então o que falta ao David? Por um lado, a imagem: ser mais expansivo não lhe faria mal. É que fintar quatro adversários e culminar a jogada com um remate indefensável é um lance que, em prol do espetáculo, deve ser festejado e David (será que pensa que são lances banais?), muitas vezes regressa ao seu meio campo sem o menor sinal de contentamento. Por outro lado, a hibernização nalguns períodos de jogo, que o leva a estar largos minutos fora do jogo antes de tirar, em passos de mágica, crocodilos da cartola (coelhos? São demasiado vulgares!).

No fundo, não será por acaso que os treinadores que trabalharam com David Vieira ao longo do seu percurso formativo são quase unânimes: “David foi o melhor jogador com que já trabalhei, mas consegue, por vezes, ser o mais irritante”.

O que, dito de outra maneira, significa: “David, tu jogas muito; se quiseres podes ter um futuro brilhante no futebol. Só depende de ti!”.

Boa sorte, amigo.

 

 

Rafael Luís, o menino dos cruzamentos perfeitos

Nome: Rafael Viegas Luís

Ano nascimento: 2001 (20 abril)

 

 

Apesar de terem entre eles alguns anos de diferença, cada vez que vemos jogar o louletano Rafael Luís ou o internacional português Raphael Guerreiro, vem-nos à memória a Dolly, a ovelha escocesa nascida em 1996, o primeiro mamífero clonado.

Na verdade, inúmeras são as semelhanças entre os dois jogadores. Para já pela posição onde habitualmente alinham: defesa esquerdo, com muitas possibilidades de atuarem também como médios centro esquerda.

Inteligente na forma como aborda o jogo e ocupa os espaços, Rafael Luís necessita, no entanto, de uma maior solidez defensiva. Ofensivamente é muito bom, bom rematador de meia distância (uma das lacunas atuais do futebol nacional), exímio marcador de livres (a exemplo do outro) e, aqui muito, mas mesmo muito, acima da média: os cruzamentos.

Estamos tentados a afirmar, sem margem de erro, que Rafael Luís é o jogador do Louletano DC que melhores cruzamentos efetua.

Na verdade, ainda há poucos dias demos por nós a comentar que só nos lembrávamos de 4 coisas que param no ar: a libélula, o helicóptero, o Cristiano Ronaldo quando espera por um cruzamento e a bola cruzada pelo Rafael Luís aguardando ser cabeceada.

Nem mais.