Um incêndio no palácio da Fonte da Pipa, um imóvel desocupado, construído em 1875, deflagrou hoje por volta das 6h10 da manhã.

O incêndio que se encontra dominado, foi combatido por cerca de 25 bombeiros de Loulé, Faro e São Brás de Alportel, apoiados por 10 veículos de combate a incêndios, também ocorreram ao local elementos da proteção Civil e da GNR. 

O facto do Palácio ser maioritariamente construído em madeira, levou a uma rápida destruição da cobertura, fazendo ruir o telhado, apesar da rápida intervenção por parte dos bombeiros.

Em declarações À Voz do Algarve, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, expressou a sua tristeza ao presenciar hoje no local, já que tinha sido uma das primeiras pessoas a chegar, a perda de  um património sentimental da cidade de Loulé.

“ Acho que aquela empresa portuguesa detida maioritariamente por ingleses, negligenciou o seu principal ativo porque o valor daquela empresa era aquele palacete. Os proprietários focaram-se muito na perspectiva imobiliária urbanística o que acabou por deitar a perder aquele que era o maior valor da propriedade.

A valorização daquele palacete dependeria da proposta que fosse apresentada à Câmara Municipal, porque a expetativa que tiveram ao longo de décadas em urbanizar a área, e como sabemos o PDM de Loulé não permite estender a área urbana da cidade até aquela propriedade, nessa medida, os proprietários da Quinta da Fonte da Pipa, desinteressaram-se e abandonaram completamente o palacete encontrando-se atualmente num grande estado de degradação.

Não me compete a mim decidir sobre o futuro ou uso do que é património privado, nós só interferimos em património municipal. “

E  a pesar que muitas pessoas que se encontravam no local afirmaram que ali viviam muitos cães que seriam alimentados diariamente por populares, a Câmara Municipal de Loulé nunca foi notificada de tal situação.

 

Por:  VA

 


Sobre a fonte da Pipa

PALÁCIO DA FONTE DA PIPA     CONCELHO DE LOULE       ALGARVE

 

No local onde se ergue o "Palácio da Fonte da Pipa" existiu uma fonte à qual recorriam as pessoas da "vila de Loulé". As terras da Fonte da Pipa foram compradas por Marçal Pacheco, que quis erguer aí um palacete (a partir de 1875) semelhante aos que vira nas suas viagens ao Norte da Europa, enquanto advogado, político (Partido Regenerador), deputado, presidente da Câmara de Loulé, cidadão. A propriedade foi batizada de "Quinta da Esperança", nome que não permaneceu na memória popular. Não se conhece ainda quem foi o arquitecto que desenhou o palacete mas sabe-se que o seu construtor foi José Verdugo, que também trabalhou na construção do Mercado Municipal de Loulé. O decorador foi José Pereira Júnior (Pereira Cão), pintor e ceramista de Lisboa, que também trabalhou no restauro e decoração do Palácio da Ajuda por altura do casamento do príncipe D. Luís. Marçal Pacheco faleceu no ano de 1896 sem ter visto terminada a construção do seu palacete de sonho. Em 1920, a família do antigo presidente vendeu a Quinta a Manuel Dias Sancho, banqueiro de S. Brás de Alportel. Dias Sancho introduziu melhorias, mandando eletrificar o palácio e construir os bancos dos jardins embutidos com conchas, corais, búzios, cascas de caracol, porcelana, cerâmica, num estilo Kitsch de feição romântica que envolve todo o edifício e jardins. Nos anos de 1927/29 os bens da Casa Bancária de Manuel Dias Sancho, a título ressarcivo, foram entregues ao Banco do Algarve. Por sua vez, Francisco Guerreiro Pereira terá comprado a Quinta ao banco. O amor deste novo proprietário às plantas exóticas permitiu que ainda hoje permaneçam nos jardins espécies florais não autóctones. Após a morte de Francisco Guerreiro Pereira, foi herdeiro da Quinta o seu filho, o Dr. Guerreiro Pereira, de Faro. Em 1981, este médico vendeu a propriedade à empresa "Quinta da Fonte da Pipa, Urbanizações, Lda". A Quinta da Fonte da Pipa não está isenta de histórias de fantasmas, almas penadas e sons estranhos. Ainda hoje permanece o anátema tão arreigado na crença popular de fenómenos supostamente psicofónicos aí acontecidos. O que se deve, provavelmente, ao facto de ter aí havido jogos de interesses materiais, onde o cenário dos fantasmas foi instalado propositadamente a fim de afastar quaisquer interessados na propriedade, ou ainda porque, durante a epidemia da pneumónica (1916/18), foram provavelmente lá sepultadas vítimas dessa doença. 
 

Texto: Luísa Fernanda Guerreiro Martins
Fotografia: Hélio Ramos
Grafismo: Susana Leal
Coordenação: Luís Manuel Mendes Guerreiro
Texto elaborado a partir de portfólio e artigos arquivados no Centro de Documentação da Divisão de Cultura e História Local

 

http://designersdeinteriores.blogspot.pt/2008/09/palacete-da-fonte-da-pipa.html