O consumo de água no Algarve desceu 17,9% em março, comparativamente com o mês homólogo de 2023, uma redução global superior aos 15% imposta pelo Governo ao setor urbano, onde se inclui o turismo, foi hoje anunciado.

Segundo dados divulgados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) referentes a 31 de março, primeiro mês com restrições impostas pela resolução do Conselho de Ministros para combater a seca no Algarve, “os municípios algarvios não ultrapassaram” o volume fornecido no período homólogo de 2023, apresentando uma poupança de 884 mil metros cúbicos de água.

O setor agrícola e do golfe também gastaram menos água, consumindo no total menos 870.000 metros cúbicos, comparativamente com o mesmo mês de 2023.

Apesar da redução dos consumos em todos os setores, o Algarve mantém-se em situação de seca hidrológica extrema, com níveis muito baixos da água subterrânea e das reservas superficiais, refere aquela entidade.

Das 25 massas de água subterrânea, 13 estão em “situação crítica e as restantes em vigilância”, registando a generalidade dos sistemas aquíferos níveis piezométricos muito baixos.

Em 31 de março, as seis albufeiras que abastecem a região do Algarve – Bravura, Odelouca, Arade, Funcho, Odeleite e Beliche - totalizavam um volume de 183 hectómetros cúbicos (hm3), o que corresponde a 41% da capacidade total de armazenamento.

No mesmo período, refere a APA, houve um aumento de 32 hm3 no armazenamento das principais reservas superficiais em relação a fevereiro, mas manteve-se uma diminuição de 14 hm3 face ao período homólogo de 2023.

Contudo, em declarações à Lusa, o presidente interino da APA, José Pimenta Machado, disse que a precipitação dos primeiros dias de abril fez aumentar em 14,2 hm3 o volume armazenado, verificando-se à data de hoje um volume de 198 hm3 (44%).

"Estamos a 200.000 metros cúbicos de igualar as reservas de água do ano passado, mas temos de continuar a poupar", alertou o dirigente.

De acordo com os dados disponibilizados pela APA, das 19 entidades responsáveis pelo abastecimento urbano de água no Algarve, 15 dos 16 municípios algarvios reduziram em março os consumos: Albufeira (-18,78%), Alcoutim (-38,89%), Aljezur (-14,40%), Castro Marim (-29,46%), Lagoa (-26,71%), Lagos (-14,52%), Loulé (-14,31%), São Brás de Alportel (-11,83%), Silves (-23,99%) e Vila do Bispo (-28,8%).

A redução verificou-se também em todas as empresas municipais de abastecimento urbano: Infralobo (-37%), Inframoura (-30,59%) e Infraquinta (-24%), no concelho de Loulé; Águas de Vila Real de Santo António (-10,55%), AmbiOlhão (-14,8%), EMARP/Portimão (-10,85%), Fagar/Faro (-11,02%) e TaviraVerde (-11,16%).

Com consumo superior, embora ligeiro, está apenas o município de Monchique (+0,02%).

O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 05 de fevereiro, tendo o anterior Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, impondo a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura.

A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.

O Governo admitiu elevar o nível das restrições, que podem ir até à declaração do estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.