Decorre de 9 a 12 de dezembro de 2025, nas instalações da Junta de Freguesia de São Sebastião, Loulé, a primeira exposição individual póstuma do artista Rui Carvalho, a qual contará com obras suas nunca antes expostas.

Susana Sousa, viúva, lança o repto: “o Rui era um artista que criava as suas obras do zero, tudo fruto da sua criatividade. Um artista que devia ser reconhecido e que se perdeu, mas deixou as suas obras para serem admiradas e para destacar a importância que teve para o concelho. Deve ser eternizado pelo seu trabalho e pela pessoa que foi”, pelo que convida todos a visitarem esta exposição.

Rui Serafim de Sousa Carvalho (1974 – 2023) nasceu em Sá da Bandeira, Angola. Aos quatro anos de idade, contraiu paralisia infantil, durante a fuga dos seus familiares da guerra de independência em Angola. Acabou por ficar paraplégico. No entanto, a condição física nunca limitou a sua fértil imaginação e grande criatividade. Tornou-se artista e produziu milhares de obras de arte, trabalhando diversos materiais. Durante uma entrevista ainda em vida, explicou que trabalhava “todos os materiais que sejam passíveis de ser trabalhados”, desde vidro, madeira, cortiça, acrílico, e a criar obras de arte como o vitral tiffany, restauros, mobiliário artístico, pintura, retratos a carvão ou esculturas e até troféus. Cada novo material era um desafio que encarava com subtileza. Orgulhava-se que “nada é feito industrialmente ou em série. Cada peça tem o seu tempo”. “Gosto de deitar-me, pensar no que vou fazer no dia seguinte e sentir prazer! Não procuro fama, protagonismo, nem reconhecimento ou dinheiro. Gosto de pensar no que vou fazer amanhã, e simplesmente sonhar».

Sobre o contributo artístico gostaria de dar ao Algarve, referiu em entrevista que «gostava que um dia tivéssemos um espaço onde os artistas pudessem trabalhar ao vivo, e que estivesse simultaneamente aberto ao público. Imagina teres um espaço em Quarteira, durante os 3 meses de verão, onde o turismo estivesse em contacto direto com os artistas da terra ou residentes!». Talvez a criação desse espaço seja uma das formas de honrar a memória e o legado deste artista, filho de Quarteira e Loulé. Para já, é apenas possível visitar esta exposição, a qual estará patente até 12 de dezembro, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. A entrada é livre.

 

Sara Alves