uma iniciativa que pretende homenagear uma das figuras mais emblemáticas deste país africano que criou fortes laços de amizade com Loulé.
Para assinalar o momento, uma comitiva guineense composta pela família, mas também companheiros da vida política, estiveram em Loulé para relembrar não só um homem de valores mas também a sua obra que deixou marcas na sua terra natal.
Foi nos idos anos 70/80 que Koumba Yalá praticou futebol no Louletano Desportos Clube e estudou e trabalhou neste concelho onde criou muitos amigos que também marcaram presença neste momento.
“Naquela Loulé pacata, mas desperta, a viver os dramas próprios de uma guerra colonial, a presença do ‘Neo’ (nome pelo qual era carinhosamente tratado pelos amigos) entre nós trouxe-nos o sentimento contraditoriamente vivido de que também éramos gente capaz de tratar carinhosamente o homem africano, personificado naquele jovem que um dia havia de ser o primeiro Presidente eleito democraticamente na sua Guiné-Bissau natal”, considerou o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo. Para este responsável, a integração do nome deste antigo estadista africano é também uma forma de perpetuar os “laços fortes de amizade que aqui fez e marcar para sempre a passagem deste ‘louletano de coração’, como o próprio se assumia”.
Numa altura em que a intolerância volta a imperar e que “no mundo se voltam a erguer barreiras e sombras escuras no convívio entre os seres humanos”, o autarca acredita que “este pequeno gesto possa ser simbólico para o mundo para que todos os povos se possam entender, viver no respeito pela cultura de cada um, na cooperação e na amizade”.
Nesta ocasião, Vítor Aleixo recordou a geminação que o Município de Loulé celebrou com o homólogo guineense de Bissorã, firmada em 2001, que nasceu precisamente fruto do desejo de Koumba Yalá. Ainda hoje, como forma de agradecimento, existe nesse município um bairro com o nome de Loulé.
Entre a comitiva guineense que esteve em Loulé este sábado, a viúva do homenageado, Elisabete Yalá, deixou o testemunho da “paixão inabalável que este nutria pela cidade de Loulé”, enquanto que uma das suas filhas, relembrou o espírito humanista do seu progenitor: “teve os seus próprios filhos mas foi o pai de todo o mundo”.
Mário Pires, um dos fundadores, juntamente com Yalá, do PRS - Partido da Renovação Social, e que exerceu as funções de primeiro-ministro no seu mandato presidencial, falou um pouco do homenageado enquanto homem e personalidade política. Uma vez chegado a Portugal descobriu Loulé para onde veio jogar futebol e estudar. Foi jogador do Louletano, ao mesmo tempo que frequentava o ensino em Loulé. Seguiu depois para Lisboa onde fez o ensino universitário, concluindo-o em 1981, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Filosofia, ao mesmo tempo que estudava Teologia na Universidade Católica Portuguesa. Em 1982, regressou à sua terra natal. Anos depois, foi eleito Presidente da República da Guiné-Bissau.
“Esta homenagem engrandece-nos e aproxima-nos cada vez mais do povo português. O Dr. Koumba Yalá marcou as nossas vidas e a história da Guiné-Bissau e o Dr. Vítor Aleixo, através deste gesto, contribui para melhor edificar e cimentar uma relação entre dois povos que há seculos foram convivendo”, reafirmou Mário Pires.
Já Fernando Dias, secretário-nacional da juventude do PRS, sublinhou o facto de este momento constituir também “um ato de reconhecimento do valor do homem africano”. Este jovem relembrou o trabalho realizado por Koumba Yalá em prol do desenvolvimento do seu país, numa altura difícil em que a Guiné tinha saído de uma guerra civil e em que a sua economia estava abalada. “Com o espírito de reconstrução e de reconciliação da família guineense, deixou marcas e ainda hoje é uma referência no país”, disse.
Recorde-se que a proposta para atribuição do nome de Koumba Yalá foi aprovada por unanimidade na Assembleia Municipal de Loulé em 2014. No entanto, a falta de novas ruas levou a que só agora fosse possível integrar este nome na toponímia da cidade.
Por: CML/GAP /RP