O executivo municipal de São Brás de Alportel aprovou, por unanimidade, em reunião de câmara de 26 de maio, a atribuição de um voto de pesar pelo falecimento do consagrado médico são-brasense, Mário Porto.

“Quis assim o destino, que no dia 22 de maio, deixasse de estar entre nós o nosso querido amigo e consagrado médico, Mário Porto.

De forma súbita e sem despedidas partiu em paz a alma e o coração de tão grandioso homem, deixando a comunidade são-brasense triste e certamente mais pobre por tudo aquilo que fez pelo Concelho e pelas pessoas de São Brás.

Estórias existirão certamente muitas para contar, para relembrar, mas nada mais voltará a ser o mesmo sem a presença, o carisma, e a boa disposição que tão singular médico espalhava pelas ruas da vila.

Homem do mundo e das pessoas levou o seu carisma e competência médica além-fronteiras, pelos quatro cantos do Mundo.

Nascido a 20 de abril de 1944 em S. Brás de Alportel, era filho de Mário Diniz Porto (também médico e que certamente todos se devem recordar) e Nídia Maria de Sousa Botinas Porto.

Filho de gentes da terra concluiu o Liceu em 1966, data em que realizou o exame de admissão à Faculdade de Medicina onde ingressou em outubro do mesmo ano.

Em 1967, depois de concluído o primeiro ano interrompeu o curso de Medicina em Coimbra e foi incorporado no Serviço Militar. Realizou o curso de Oficial Miliciano em Mafra e Lamego, onde saiu como Aspirante a oficial Miliciano Ranger em março de 1968. Foi colocado como Instrutor no Campo militar de Stª Margarida onde veio a formar parte do Batalhão 2854 que seguiu para Angola em 10 de outubro de 1968, com o posto de Alferes Miliciano.

Serviu o seu País na Guerra Colonial em Angola na Zona Norte (Zala – Nambongongo) e na Zona Leste (Casage) de forma exemplar e com elevado mérito. Estando mais de 18 meses em teatro de guerra passou à disponibilidade a 25 de dezembro de 1970.

Em Janeiro de 1971 retomou os estudos universitários tendo em julho de 1976 terminado a licenciatura de Medicina.

A sua extensa carreira iniciou-se com a formação prática no antigo Hospital José Lourenço Viegas em São Brás de Alportel, onde colaborou na organização de um serviço de consulta e internamento de pediatria. Efetuou ainda serviço de consulta no Hospital de Loulé.

Do internato geral, passando pelo Serviço Médico á Periferia e até ao início da carreira de Clínica Geral, prestou serviço em diversos hospitais de Norte a Sul do país. Releva-se as funções na atividade de Saúde Pública onde foi o grande impulsionador das consultas em postos distantes das grandes cidades, como foi o caso de S Jorge da Beira e Minas da Panasqueira, locais do Concelho da Covilhã. Nos locais referidos anteriormente consultou os mineiros e as suas famílias procedendo a vacinações de crianças, e todo um trabalho de ensinamento de Higiene e Saúde da população, debatendo-se de forma dura, mas compensadora com os problemas que as populações rurais ultrapassavam.

Em 1980, foi colocado no Hospital Distrital de Faro, no Serviço de Pediatria onde permaneceu até 1982. Esta passagem por este serviço levou-o à sua grande dedicação pelos mais novos e à consulta de Saúde Infantil.

Continuou o exercício da sua atividade no seu Consultório Privado em Olhão e no Centro de Saúde de São Brás de Alportel onde trabalhou durante largos anos até terminar a sua carreira ao serviço do Sistema Nacional de Saúde.

Depois de aposentado continuou de forma incansável a trabalhar em prol das pessoas uma vez que foi um dos principais impulsionadores da Medicina do Trabalho no Sul do país e nunca deixou de exercer Clínica Particular.

Ao longo da sua carreira foi um médico próximo da comunidade, das pessoas, disponível e sempre dedicado aos seus pacientes.

Nas relações humanas nunca iremos esquecer o convívio alegre e descontraído que lhe era peculiar e o ótimo contacto com todas as pessoas que o rodeavam. Com os doentes e familiares muitas vezes as situações mais dramáticas eram amenizadas com o seu caracter espontâneo e a sua grande capacidade de fazer amigos.

Dedicado em ajudar os outros partiu com a alma e o coração cheio, certamente convicto que praticou o bem, que amou e foi amado e que será para sempre recordado!

“Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes. Um sentido e emocionado muito obrigado. Até sempre!”

 

Por: CM de São Brás de Alportel