A Santa Casa da Misericórdia de Faro volta a realizar na Sexta-Feira Santa a multissecular Procissão do Enterro do Senhor, popularmente conhecida como «Procissão do Senhor Morto», a terceira de maior expressão das realizadas no Algarve,

logo depois da Procissão da Festa Grande de Nossa Senhora da Piedade («Mãe Soberana»), em Loulé, e da Procissão da Ressurreição da Festa das Tochas Floridas, em São Brás de Alportel.

Não obstante a referência mais antiga às celebrações da Semana Santa em Faro remontar a 1678, a Misericórdia de Faro explica que o Compromisso da Irmandade de 1619 se refere às Endoenças promovidas pela instituição, embora sem mencionar concretamente a Procissão do Enterro do Senhor.

O cortejo, presidido pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, partirá da igreja da Misericórdia pelas 21h de Sexta-feira Santa, percorrendo o seguinte itinerário: Praça D. Francisco Gomes; Rua Dom Francisco; Gomes; Rua Ivens; Praça Ferreira de Almeida (Largo da Palmeira); Rua Lethes, Rua de Portugal; Rua Sacadura Cabral, Largo 25 de Abril, Rua Mouzinho de Albuquerque, Rua João de Deus, Largo dos Combatentes (junto ao tribunal), Rua de Santo António, Rua D. Francisco Gomes, Praça D. Francisco Gomes, recolhendo posteriormente à igreja da Santa Casa.

O secular préstito procura anualmente reviver, com densidade silenciosa, o episódio protagonizado por José de Arimateia. Pilatos, depois da confirmação da morte de Jesus, entregou o corpo de Cristo a este membro do conselho do Sinédrio para que fosse sepultado.

O cortejo sai aberto pela representação a cavalo da GNR e um friso de tochas. Segue-se a matraca, cujo som áspero, que se ouve ao longe, simboliza as ondas de ódio amontoadas pelos judeus à volta de Cristo. A certa distância vem o guião ladeado por duas lanternas. Alguns metros desviada, a iniciar as alas os balandraus com tochas, a cruz com o lençol pendurado. Entre as alas, o “tumbinho” carregando o corpo de Cristo, debaixo do pálio.

Para além das eclesiásticas, participam ainda no préstito as autoridades civis e militares, as Ordens Terceiras de Nossa Senhora do Monte do Carmo e Franciscana Secular, a Irmandade da Misericórdia, os Bombeiros Municipais e Voluntários de Faro, os agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas, os grupos dos Escoteiros de Portugal e a companhia da Associação de Guias de Portugal, o Moto Clube de Faro, entre outras entidades e instituições. No meio, seguem os três andores, comportando as imagens de Nossa Senhora da Soledade, o apóstolo João e Maria Madalena, os três que permaneceram junto à cruz.

 

As atuais imagens substituíram em 1942 as antigas que foram colocadas na exposição de arte sacra da Misericórdia, patente no espaço da sacristia da igreja.

Abrilhantam o cortejo, atuando antes da sua saída e acompanhando-o musicalmente em todo o itinerário, as formações da Associação Filarmónica de Faro e da Sociedade Filarmónica 1.º de Maio, de Lagos.

A Procissão do Enterro do Senhor conta com apoios de várias entidades, entre os quais o da Câmara Municipal de Faro, o da União de Freguesias de Faro e o do Moto Clube de Faro.

A organização sugere e agradece aos moradores das habitações por onde passará o cortejo que coloquem colchas, colgaduras ou panejamentos nas janelas à passagem do mesmo.

 

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo