Por Luís José Pinguinha | Vice-presidente do Louletano | FUTEBOL | Acompanhando as jovens promessas do Louletano | pinguinhaluisjose@gmail.com

Nome: Guilherme Guerreiro Martins

Ano nascimento: 2005 (27 abril)

 

 

O futebol é, inegavelmente e a nível planetário, uma das maiores indústrias da sociedade atual. Basta constatarmos os postos de trabalho que diretamente proporciona: dirigentes, treinadores, assistentes (administrativos, de saúde e da logística, só para citar alguns). Para além disso, significativas são também as verbas que os clubes movimentam em alojamentos, em refeições, em combustível, em material desportivo, em seguros, em produtos farmacêuticos, no tratamento dos relvados, na conservação e melhorias das instalações, etc. E, isto, sem referirmos os custos com a Segurança Social, o I.V.A., o I.R.C., o I.M.I. e afins…

Na verdade, se verificarmos que nesta época em curso há 475 equipas de futebol (sim, não é gafe, são mesmo quatrocentas e setenta e cinco) a participarem em Campeonatos Nacionais (318 masculinas – desde a 1ª Liga até aos Iniciados- e 157 femininas – desde a 1ª Divisão até às Juniores Fut9), entende-se o porquê do afluxo de autocarros e carrinhas que, todos os fins-de-semana percorrem as autoestradas concessionadas, as estradas nacionais e as concelhias deste país. É o futebol a assumir-se como o maior impulsionador, como o maior responsável pela circulação rodoviária interna, ou seja, pelo turismo interno, vertente “vá para fora cá dentro”. E, se adicionarmos as competições organizadas pelas vinte e duas associações de futebol existente em Portugal (dezoito no continente), ainda se compreenderá melhor o movimento que a indústria do futebol movimenta (passe o pleonasmo).

Mas o futebol não é uma indústria qualquer, ou melhor, o futebol tem especificidades próprias, diria que únicas. Pessoalmente gosto de catalogar o futebol como uma indústria cultural, da arte e do entretenimento. É, sem dúvida, um tema interessante, mas como compreenderão, impossível de ser escalpelizado no âmbito destas parcas linhas.

Há, no entanto, a reter que o futebol, como escrevi atrás, para além de ser uma indústria cultural é, e julgo que o acento tónico deve ser colocado aqui, uma indústria da arte e do entretenimento. Daí que, para o futebol manter o estatuto que detém, para que o futebol continue a prender as atenções dos nossos filhos, dos nossos netos e dos nossos bisnetos, quer num ecrã televisivo (ou através de outra forma que o desenvolvimento tecnológico em curso venha a facultar) quer numa cómoda bancada de um atrativo Estádio de futebol, seja imperativo defender os jogadores artistas que consigam aliar a componente competitiva, obviamente obrigatória, à componente artística; os jogadores que tenham algo diferente; os jogadores que, pelo seu virtuosismo entusiasmem os espectadores, garantindo o seu divertimento. No fundo, os jogadores que extravasem o futebol formatado, certinho, diria que robotizado que alguns, por terem medo de perder, promovem.

Guilherme Martins joga na equipa principal dos Iniciados do Louletano, equipa que disputa o Campeonato Nacional. Guilherme Martins, um clássico número 10, tem perfil, tem capacidade técnica, tem visão de jogo, tem, em suma, condições para ser um artista, para, por si só, levar aos Estádios espectadores ávidos de entretenimento.                 

Mas há que explicar isso a Guilherme Martins. Porque quem possuí tanto talento, tanta sapiência e que perfuma o seu futebol como Guilherme Martins o faz, tem, simultaneamente, de saber isso, de saber que joga muito à bola, que joga muito futebol. E tudo isto porque se Guilherme Martins juntar à tomada de consciência desta realidade (a de que joga mais do que aquilo que pensa que joga) uma pitada q.b. de loucura competitiva, no sentido de correr riscos, de “ir para cima deles, sem medos”, a sua aura será muito mais brilhante. E os amantes do futebol agradecerão. Acredita que é verdade, Guilherme Martins.