O bispo do Algarve lamentou, na celebração do Domingo de Ramos que deu início à Semana Santa, que o mundo continue, «infelizmente, a ser marcado por atos inexplicáveis».

“A paixão de Jesus continua hoje de diferentes formas e diversas situações, seja na Ucrânia, seja na faixa de Gaza, seja no coração da Rússia, em Moscovo, como vimos nestes dias. Continua presente na morte de tantos inocentes, deixando-nos humanamente prostrados sem resposta diante destas atrocidades”, afirmou D. Manuel Quintas na Sé de Faro, onde prosseguiu a Eucaristia por si presidida após a bênção e procissão dos ramos desde a igreja da Misericórdia.

O bispo diocesano considerou que “celebrar a Páscoa constitui essencialmente acolher e multiplicar o dom da paz, assumir o compromisso de promover e defender a vida e a dignidade humanas em todas as situações”, bem como “empenhar-se na construção do reino que Jesus veio anunciar”. “Que as celebrações desta Semana Santa possam constituir para todos nós um meio privilegiado para renovarmos e reassumirmos este nosso propósito”, desejou.

D. Manuel Quintas pediu ainda aos católicos algarvios que agradeçam a Deus porque, em Jesus, “ofereceu, pela Eucaristia, a paz e a ressurreição que abraça todo o mundo”. “Rezemos-lhe para que nos tornemos também nós com ele e a partir dele, mensageiros da sua paz, a fim de que, em nós e à nossa volta, o seu reino se difunda sem cessar”, prosseguiu.

Junto à igreja da Misericórdia, o bispo do Algarve lembrou ter sido “para realizar o mistério da sua morte e ressurreição que Jesus Cristo entrou na sua cidade de Jerusalém”. “Por isso, recordamos com fé e devoção esta entrada triunfal na cidade santa. Acompanharemos o Senhor, de modo que participando agora na sua cruz, mereçamos um dia tomar parte na sua ressurreição”, afirmou, pedindo aos católicos algarvios que assumam uma “fé feita de convicção”.

“A nossa atitude deve ser também de alegria neste dia. E ao mesmo tempo esta alegria deve ser uma alegria assumida na fé, uma fé que não é de circunstância como parece ter sido a de muitos do povo que o acolheram e uns dias depois vão pedir a sua morte. Tem de ser uma fé feita de convicção. Uma fé convicta, não ocasional, não circunstancial, mas uma fé que ilumina, determina e inspira as nossas opções, referiu.

O bispo do Algarve exortou ainda os algarvios a que nesta semana maior para os cristãos não se detenham na Sexta-feira Santa. “O Tríduo Pascal termina com a ressurreição e é para aí que deve apontar a nossa fé. É a ressurreição que inspira, fortalece, fecunda e dá sentido à nossa própria fé”, realçou, constatando que Jesus entra e Jerusalém “com atitude de simplicidade e humildade”. “Esta atitude de Jesus exprime e carateriza desde já o modo como ele vai abraçar a cruz, como vai dar a sua vida como expressão plena do amor de Deus por nós, que nos ama até ao fim, até dar a vida por nós”, sustentou.

A Semana Santa terá como ponto alto a celebração da Vigília Pascal no próximo sábado, 30 de março, na passagem de Sábado Santo para Domingo da Ressurreição. Este acontecimento, que sustenta a sua fé, trata-se da celebração mais importante para os cristãos.

A imersão no «coração» das celebrações pascais dá-se na Quinta-feira Santa (28 de março) com o início do Tríduo Pascal, na Missa vespertina da Ceia do Senhor.

 

Fotos © Samuel Mendonça/Folha do Domingo