Por Luís Pina | Licenciado em Acessoria de Administração | aragaopina59@gmail.com

Construir o caminho da verdadeira felicidade pressupõe, antes de tudo, reconhecer que não temos direito a nada, porque na realidade não temos nada! Se a verdadeira felicidade consistisse nos padrões vulgarmente enunciados, seria fácil ou mesmo banal identificar formas de a almejar. Porém, a felicidade sugerida conduz-nos, quando muito, a momentos de uma felicidade contrafeita e efémera. Uma felicidade localizável em percursos demasiado óbvios, ora utopicamente ideológicos, ora eminentemente comerciais, inconsistentes! Dir-se-ia, virada essencialmente para o ego, ou para o próprio prazer. Narcisista! Vulnerável como um castelo de areia. Ao contrário da felicidade do “ter”, mais importa a do “ser”, não apenas para si próprio mas com um sentimento de missão: Virada para a partilha com os outros, ajudando-os com o pouco - muito que não temos, mas que nos é facultado sem dúvida por um desígnio superior. Daqui concluir que “não temos direito a nada” porque, (excepto um orgulho irritantemente sobranceiro), e bem vistas as coisas, nada temos de nosso que nos sirva de base para reclamar o que quer que seja! Cada dia é uma dádiva que devemos agradecer e aquilo que nos é dado não seja para uma auto-estima exacerbada mas para um sentido de voluntariado. Claro que também precisamos de nos “estimar” para chegarmos a bom porto mas, longe de me arvorar em benfeitor ou filantropo, julgo que o melhor caminho a seguir deverá ser no sentido de criar o maior número possível de oportunidades de colaborar e acrescentar valor, reconhecendo uma abrangência mais humanista e objectiva ao princípio de que “é dando que se recebe”. Acredito pois, ser esta uma via bem mais consistente de não lograr o mito da felicidade plena, mas de viver muitos mais momentos genuinamente felizes.